Aécio Neves foi citado por quatro delatores na Lava-Jato



O nome do senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais líderes do impeachment de Dilma Rousseff, foi citado durante as investigações da Operação Lava-Jato por quatro delatores. 


Delator confirma proprina a Aécio Neves conexão política

Conheça os casos: 
Propina de Furnas (1) 
1) Em um dos depoimentos de sua delação premiada, o doleiro Alberto Youssef disse ter ouvido do ex-deputado José Janene (filiado ao PP, morto em 2010) que Aécio dividiria uma diretoria de Furnas com o PP e que uma irmã dele faria uma suposta arrecadação de recursos junto à estatal. Furnas é uma empresa de economia mista ligada ao Ministério de Minas e Energia. A arrecadação e distribuição de propina teria ocorrido entre 1996 e 2000, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 25 de agosto do ano passado, durante acareação entre Youssef e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras) na CPI da Petrobras, o doleiro reiterou que Aécio recebeu dinheiro desviado de Furnas. 


— Eu confirmo (que Aécio teria recebido dinheiro de corrupção) por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele — respondeu Youssef a uma pergunta de um deputado. 
O que aconteceu:
Em 2015, o ministro do STF Teori Zavascki arquivou o caso por insuficiência de informações, seguindo proposta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. 


2) Propina da UTC 
Em julho do ano passado, o entregador de valores Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, disse — em depoimento ligado à sua delação premiada — ter ouvido que Aécio era "o mais chato" na cobrança de propina junto à empreiteira UTC. Ceará, que era um dos contratados pelo doleiro Alberto Youssef para transportar valores, disse ter levado R$ 300 mil a um diretor da UTC no Rio e que o dinheiro seria destinado ao senador do PSDB. Ainda de acordo com Ceará, esse diretor, de sobrenome Miranda, estava ansioso pela "encomenda" e que teria dito: 
— Esse dinheiro tá me sendo muito cobrado. 
O que aconteceu: 


Em fevereiro deste ano, o ministro do STF Teori Zavascki decidiu arquivar o caso por insuficiência de informações. 
3) Propina de Furnas (2) 

Em 3 de fevereiro deste ano, o lobista Fernando Moura, em depoimento ao juiz Sergio Moro, disse ter ouvido relato de uma suposta divisão de propina proveniente da estatal Furnas entre o PT e Aécio Neves. Conforme Moura, que fez acordo de delação premiada, a indicação de Dimas Toledo para um cargo de direção de Furnas foi feita por Aécio logo depois da eleição de 2002, quando Lula foi eleito presidente pela primeira vez. Moura é apontado pela Lava-Jato como lobista ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Segundo o delator, ao assumir a diretoria, Dimas Toledo disse a ele que "em Furnas era igual", numa referência ao esquema de propina. Ele disse: 
— Não precisa nem aparecer aqui. Vai ficar um terço São Paulo, um terço nacional e um terço Aécio — afirmou Moura em depoimento. 
O que aconteceu:


O caso ainda não teve desdobramento. 
4) Interferência na CPI 


No acordo de delação premiada que negocia com a Justiça, o senador Delcídio Amaral (suspenso pelo PT) fez referência a uma suposta atuação de Aécio em uma CPI do Congresso. A parte do conteúdo do depoimento que vazou não dá detalhes de como teria sido essa atuação. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo afirma que Delcídio teria sinalizado a interlocutores que pode detalhar à Justiça negociações feitas entre ele e Aécio na CPI dos Correios, em 2006, que investigou o mensalão. À época, Aécio era governador de Minas Gerais, e o PSDB local entrou no foco das investigações porque tinha adotado esquema semelhante para financiar campanhas eleitorais. 

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