Aberta a Sessão - 58% dos senadores são suspeitos ou acusados de crimes na Justiça !
Do total
de 80 senadores que participarão da votação (Delcídio Amaral foi cassado nesta
terça-feira, 10), 47 são suspeitos ou acusados de crimes que vão desde
falsidade ideológica até abuso de poder econômico - o que equivale a quase 60%.
Treze deles podem ter ligação com casos de corrupção investigados na Operação
Lava Jato. E entre os 68 oradores que vão debater o tema no Senado nesta
quarta-feira, 40 são suspeitos ou acusados de crimes.
O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), está sob
suspeita de crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por conta de
denúncias feitas por um dos delatores da Lava Jato. A apuração já foi
autorizada pela Justiça.
Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG), adversário derrotado
na última eleição presidencial, responde por crimes eleitorais. Também paira
sobre ele suspeita de ter ocultado informações sobre um suposto esquema de
compra de votos em Minas Gerais, em 2005. Um pedido do procurador-geral da
República para investigar o senador no âmbito da Lava Jato está à espera de
decisão no STF.
Entre os 13 políticos alvos de inquérito no STF devido à
Lava Jato, suspeitos de ligação com o escândalo de corrupção envolvendo a
Petrobras, estão: quatro senadores do PMDB (Edison Lobão, Renan Calheiros,
Romero Jucá e Valdir Raupp); três do PT (Gleisi Hoffmann, Humberto Costa e
Lindbergh Farias); três do PP (Benedito de Lira, Ciro Nogueira e Gladson
Cameli); um do PSDB (Aécio Neves); um do PTC (Fernando Collor) e um do PSB
(Fernando Bezerra Colelho).
Andamento da sessão
Antes da votação nesta quarta-feira, os 68 senadores
inscritos para debater terão até 15 minutos para discutir o texto do relator da
comissão especial do impeachment, Antônio Anastasia (PSDB-MG). Em seguida, o
próprio relator vai se manifestar, o qual também foi investigado pela Lava
Jato, mas teve a acusação contra ele arquivada por falta de provas.
O último a falar será o advogado-geral da União, José
Eduardo Cardozo, que faz a defesa da presidente. Ele foi ministro da Justiça
por seis anos, desde o primeiro governo Dilma. Sob sua gestão, o escândalo na
Petrobras começou a ser investigado pela Polícia Federal. O próximo passo é a
votação eletrônica.
Ficha suja
A lei brasileira determina que condenados pela Justiça não
podem se candidatar a cargos públicos. Nesse sentido, a lentidão no julgamento
de políticos suspeitos de envolvimento em irregularidades conta a favor da
impunidade.
A acusação mais recorrente entre os senadores é de
improbidade administrativa, quando um agente público comete ato desonesto que
vai contra a administração pública. É o caso da acusação feita contra o senador
Blairo Maggi (PR-MT), apontado por favorecer o desmatamento irregular em seu
estado. Os números são do projeto Excelências, da ONG Transparência Brasil.
Quem compõe o Senado brasileiro
O Senado brasileiro é composto principalmente por
empresários de diferentes setores. De acordo com estudo da Transparência
Brasil, quase um terço deles são ligados ao agronegócio, e um quarto dos
senadores possui concessões de rádio e televisão. Há apenas 11 mulheres entre o
total de 81 senadores, enquanto elas são 51,4% da população, segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em cada um dos 26 Estados e no Distrito Federal, são
eleitos três senadores para mandatos de oito anos. O salário de cada senador é
de 33,7 mil reais, e todos têm direito a alguns milhares de reais por ano para
administrar a estrutura do mandato. O valor varia com a localização do E
stado de origem do senador.
Essa quantia pode ser usada para o aluguel de imóveis para
escritório político em seu estado de atuação, na aquisição de material de
consumo, para locomoção, hospedagem, alimentação, combustíveis, para contratar
serviços de apoio ao parlamentar, divulgar atividade parlamentar, e ainda para
passagens aéreas, aquáticas e terrestres nacionais e para serviços de segurança
privada.
Além disso, eles têm à disposição carro oficial com
combustível, diárias em hotéis em caso de viagens oficiais e uma cota para
postagens de correio pagas à parte pelo poder público. Em 2015, esses
benefícios custaram 22,8 milhões de reais aos cofres públicos.
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